06 setembro, 2011

Estilos dos móveis



Cada estilo representa uma época. Vou tentar mostrar um pouco dos principais, os quais ainda influenciam muito na decoração, continuam a ser leiloados, copiados e reproduzidos.



 
LUÍS XIV (1643-1715)

O reinado de Luís XIV está inserido no movimento Barroco, surgido na Itália através do estilo de Michelangelo.
A França do século XVII era um país forte, estável e rico. Foi nesse cenário de prosperidade que Luís XIV assumiu o trono, fazendo refletir seu prestígio em cada ambiente do luxuoso Palácio de Versalhes.
Só eram usadas as madeiras nobres, como a nogueira. Os móveis eram folheados a ouro, envernizados ou deixados ao natural.
As cadeiras e os sofás de espaldar reto e alto contrastam com os braços encurvados e terminados em volutas (em forma de espiral). Os pés aparecem como balaústre, pequenas bolas ou cubos unidos por travessas em H ou X.










LUÍS XV (1715-1774)

Luís XV inaugurou um período em que as mulheres exprimiam seu gosto e seus hábitos. Em especial, Madame de Pompadour, amante do rei e de grande influência na criação do rococó, que iria marcar esse período.
O mogno e a nogueira continuam em alta. Os tecidos são o tafetá, as sedas, os brocados e os cetins salpicados de raminhos de flores.
Leve e feminino, o rococó privilegia as cores suaves como o lilás, o azul, o rosa e o bege. Conchas e rosetas são motivos frequentes.
Os móveis são menores, geralmente folheados a ouro, acompanhando o novo tamanho dos cômodos, mais íntimos e informais. A cadeira se torna mais confortável,moldada em linhas sinuosas e curvas, com pés em garra ou dedal. Os braços recuam para ajustar melhor as saias armadas da época.






 

LUÍS XVI (1774-1785)

É o início do neoclássico.
As madeiras são o mogno, maciço ou folheado, a nogueira, o ébano e o pau-cetim. Nos estofamentos, seda lisa, listrada ou floral.
O interesse pela Antiguidade Clássica aparece nas colunas, nos instrumentos musicais, nas folhas de louro. As cores: o azul, o rosa-velho e o cinza.
As linhas se tornam simétricas e austeras. O encosto das cadeiras é reto ou levemente arredondado, e as pernas têm formato de colunas cônicas. Os móveis desse estilo estão entre os mais reproduzidos até os dias de hoje.




biblioteca de Luís XVI em Versalhes



 
IMPÉRIO (1804-1815)

As conquistas de Napoleão Bonaparte ecoam em todos os setores – a decoração não ficaria de fora. Sua paixão por Roma e pela Grécia também transpareceram em móveis e objetos.
O mogno maciço, de tom escuro ou avermelhado, é a madeira em voga. O luxo toma conta: ornados com brocados, veludos, lãs, tapeçarias e sedas de tons brilhantes e coloridos.
As cores são intensas – amarelo, vermelho, azul, roxo, violeta e várias tonalidades de verde. Esfinges, leões alados, abelhas, estrelas, a águia imperial e letras N gigantescas rodeadas por coroas de louros são temas constantes.
No mobiliário, as peças são simétricas, de aparência sólida e pesada. O espaldar pode ter vários formatos, retangulares e ovais entre eles. As pernas são retas, afinadas embaixo, ou em forma de figura humana.








ART NOUVEAU (1892-1900)

A grande novidade do século XIX - a produção seriada de móveis e objetos - teve lá os seus opositores. Um deles, o inglês William Morris, deu início ao movimento arts and crafts (ou artes e ofícios), propondo a valorização do trabalho artístico e artesanal. Daí nasceu o art nouveau (também conhecido como modernismo, liberty e jugendstil).
Peças de espessura muito fina são forjadas em ferro, aço, vidro e madeira.
As linhas assimétricas e os contornos sinuosos são inspirados nas formas orgânicas da natureza. Entre os temas correntes veem-se o lírio, a tulipa e as asas de borboleta. São famosos, desse período, os cristais do francês René Lalique, em que fluem flores, libélulas e corpos femininos.
São comuns os entalhes precisos e as incrustações. A complexidade e a riqueza de detalhes fazem com que o mobiliário desse período seja um dos mais difíceis de ser reproduzido.










ART DECÓ (1925)

No mundo habitado por carros, trens e aviões velozes, as peças artesanais dão lugar a objetos feitos em larga escala. A Exposição Internacional de Artes Decorativas, realizada em Paris, em 1925, inspirou o nome do movimento.
Com a colonização francesa na África, fica fácil imaginar de onde vêm as madeiras mais usadas: a bubinga, o pau-marfim e a raiz de imbuia. Também se popularizam o ébano, as pedras preciosas e tudo o que parecesse exótico. Cromo, laca, couro e vidro se tronam presenças comuns em móveis e objetos.
Os revestimentos abusam dos brocados, veludos e peles de animais. As cores ganham tons quentes, como o laranja, o roxo e o verde-limão, em pequenos detalhes.
A produção em série pede linhas geométricas, simples e retas. Exceto por alguns excessos, o decó é um dos estilos que melhor sobreviveram ao tempo, pela atualidade de seus desenhos.






MODERNISMO (1920-1950)

Já no início do século XX, teóricos e arquitetos querem romper com o uso excessivo de ornamentos do art nouveau. Estamos no tempo em que máquinas sofisticadas são desenvolvidas, novas técnicas de construção são implantadas, materiais como o aço e o concreto mostram que vieram para ficar. Os ideais socialistas - ao menos parecia - também.
além do aço e do concreto, os tijolos de vidro marcam a arquitetura. Couro, algodão, metal cromado e lona são a matéria-prima de móveis, luminárias e utilitários.
Linhas retas e simétricas reinam absolutas. Para os mais puristas, o branco do chão ao teto era a única cor permitida.
Entram em cena os móveis pré-fabricados e os móveis tubulares cromados. A madeira laminada e o vidro ganham formas mais limpas, que, algumas décadas depois, continuam atuais.





* BAUHAUS (1919-1933): ESCOLA OU ESTILO?

Nascida na Alemanha, em 1919, a Bauhaus acabou se tornando sinônimo de estilo, não só por ter lançado as bases do modernismo, mas por ter criado elementos que alteraram profundamente a arquitetura, a decoração e as artes.
No mobiliário, a madeira é praticamente abandonada, substituída por materiais como o vidro, o couro e o aço, mais maleável.
Fechada em 1933 pelos nazistas, a escola que colocou a beleza a serviço da praticidade deixou como herança alguns dos mais belos móveis deste século - a cadeira Wassily - um dos produtos mais emblemáticos da Bauhaus.



Fonte:  Casa Cláudia


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